"As grandes poéticas orgânicas do passado - de Aristóteles, de Horácio e de Boileu - são marcadas pelo profundo sentimento da literatura como um todo e da harmoniosa composição de todos os gêneros nesse todo. Tais poéticas como que parecem ouvir concretamente esta harmonia de gêneros. Nisto está a força, a plenitude, incomparável e íntegra, e o caráter exaustivo destas poéticas. Todas elas, sistematicamente, ignoram o romance. As poéticas científicas do século XIX eram privadas dessa plenitude: elas eram ecléticas, descritivas, aspiravam não a uma totalidade viva e orgânica, mas a algo abstratamente enciclopédico, orientavam-se não para a efetiva possibilidade de uma coexistência de gêneros definidos, para a entidade viva da literatura relativa a uma certa época, mas para a coexistência deles dentro de uma antologia tão completa quanto possível. Naturalmente elas não ignoravam o romance, mas simplesmente o colocavam (em lugar de honra) junto aos gêneros existentes (assim, como um gênero no meio de gêneros, ele também entra numa antologia; mas no conjunto vivo da literatura, ele entra de uma forma totalmente diferente)."
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Científica(s), certa(s) professora(s) acadêmica(s), abstratamente enciclopédica(s) nos pedem - ordenam - diariamente para ignorar a organicidade literária das peças-chave, aquelas que representam o cânone (!!!), e aprisioná-las (mais!!) dentro de análises limitadas baseadas na palavra de meia dúzia de teóricos pingados.
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